Após o Ponto Final
A tinta seca.
O silêncio engole a frase.
Um respiro, talvez.
O que vem depois?
Não a próxima palavra,
mas a reverberação.
Um eco no vazio,
a sombra de uma ideia
que se desfaz no ar
rarefeito.
Nas entrelinhas do nada,
pulsa o não-dito,
o quase-pensamento.
Ali, oculto,
o germe do que poderia ter
sido,
ou o pó do que nunca
existiu.
É o espaço entre os
átomos,
a pausa antes do som,
o lugar onde o sentido se
dissolve
e a ausência se manifesta.
Uma tela em branco,
onde o olhar busca
contornos,
formas que nunca se
concretizam.
Apenas a promessa de um
sussurro,
a bruma de um
esquecimento,
a leveza do que não tem
peso,
e se perde,
além do ponto final.