Eco Ponderal
Em mim,
sempre existiu um eco
pesado.
Não a ressonância de um
grito,
mas o peso mudo do que
permanece.
Uma camada sobre o ar que
respiro,
um véu translúcido de
memória.
Não é tristeza, nem a
sombra da perda,
mas a densidade de um
tempo sem nome.
Como pedras silenciosas na
correnteza,
acumulam-se sentimentos
sem pouso.
O eco não se propaga, ele
se assenta.
Em cada fibra, a gravidade
do que foi,
do que talvez nunca tenha
sido,
mas que carrega o peso de
ser.
É o ruído interior do que
não se desfaz,
a persistência do
inominável.
Um eco pesado, sim,
mas que me habita
e me tece.