terça-feira, 17 de junho de 2025

ECO PONDERAL

 

Eco Ponderal

 

Em mim,

sempre existiu um eco pesado.

Não a ressonância de um grito,

mas o peso mudo do que permanece.

 

Uma camada sobre o ar que respiro,

um véu translúcido de memória.

Não é tristeza, nem a sombra da perda,

mas a densidade de um tempo sem nome.

 

Como pedras silenciosas na correnteza,

acumulam-se sentimentos sem pouso.

O eco não se propaga, ele se assenta.

Em cada fibra, a gravidade do que foi,

do que talvez nunca tenha sido,

mas que carrega o peso de ser.

 

É o ruído interior do que não se desfaz,

a persistência do inominável.

Um eco pesado, sim,

mas que me habita

e me tece.

 

 

 

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