terça-feira, 17 de junho de 2025

ENSAIO SILENCIOSO

 

Ensaio Silencioso

 

Meu sorriso é um palco antigo,

iluminado por ensaios repetidos,

cada curva um esforço, uma nota sustentada

para a peça que nunca acontece.

 

Há uma dissonância, um murmúrio insistente

sob a pele, na raiz dos gestos:

não é por aqui,

não é por este caminho,

as cores desbotam antes de secar.

 

As coisas deveriam ser de outro modo,

sinto a trama desfiando,

o chão falso sob os pés,

e nada,

nada se encaixa no seu devido lugar.

 

Onde foi morar a esperança que prometia verões sem fim,

noites de estrelas caídas em nossas mãos?

Evaporou como orvalho, ou se escondeu

sob a poeira das rotinas que nos moldam?

Procuro vestígios em cada canto,

mas encontro apenas o eco da sua ausência,

um vazio que insiste em ecoar

nesse sorriso que ainda treino,

nessa certeza de que o compasso está errado.

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