Ensaio Silencioso
Meu sorriso é um palco
antigo,
iluminado por ensaios
repetidos,
cada curva um esforço, uma
nota sustentada
para a peça que nunca
acontece.
Há uma dissonância, um
murmúrio insistente
sob a pele, na raiz dos
gestos:
não é por aqui,
não é por este caminho,
as cores desbotam antes de
secar.
As coisas deveriam ser de
outro modo,
sinto a trama desfiando,
o chão falso sob os pés,
e nada,
nada se encaixa no seu
devido lugar.
Onde foi morar a esperança
que prometia verões sem fim,
noites de estrelas caídas
em nossas mãos?
Evaporou como orvalho, ou
se escondeu
sob a poeira das rotinas
que nos moldam?
Procuro vestígios em cada
canto,
mas encontro apenas o eco
da sua ausência,
um vazio que insiste em
ecoar
nesse sorriso que ainda
treino,
nessa certeza de que o
compasso está errado.
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