terça-feira, 17 de junho de 2025

O RITUAL SILENCIOSO

 

O Ritual Silencioso

 

Aqui está ela, na palma da mão,

esta que agora me serve, fiel.

Seu corpo de plástico, talvez azul,

ou verde-água, um espectro discreto

no emaranhado do dia que pulsa lá fora.

 

As cerdas, um exército denso e macio,

prontas para a dança diária.

Sabem a trilha de cada dente,

o caminho do frescor que se anuncia,

um sussurro de hortelã na boca da manhã.

 

Ela não grita, não exige holofotes.

É a ferramenta humilde,

que em cada curva, em cada fricção suave,

limpa não só o resíduo,

mas a letargia do sono,

ou a despedida do último gole antes da noite.

 

Testemunha silenciosa, companheira breve,

do hálito que se renova,

da promessa de um sorriso que se alinha.

Esta escova, agora em uso,

é um pequeno portal para o início,

ou para o fim tranquilo,

guardando o segredo da higiene,

e o simples rito de ser.

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