O Ritual Silencioso
Aqui está ela, na palma da
mão,
esta que agora me serve,
fiel.
Seu corpo de plástico,
talvez azul,
ou verde-água, um espectro
discreto
no emaranhado do dia que
pulsa lá fora.
As cerdas, um exército
denso e macio,
prontas para a dança
diária.
Sabem a trilha de cada
dente,
o caminho do frescor que
se anuncia,
um sussurro de hortelã na
boca da manhã.
Ela não grita, não exige
holofotes.
É a ferramenta humilde,
que em cada curva, em cada
fricção suave,
limpa não só o resíduo,
mas a letargia do sono,
ou a despedida do último
gole antes da noite.
Testemunha silenciosa,
companheira breve,
do hálito que se renova,
da promessa de um sorriso
que se alinha.
Esta escova, agora em uso,
é um pequeno portal para o
início,
ou para o fim tranquilo,
guardando o segredo da
higiene,
e o simples rito de ser.
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