sábado, 7 de junho de 2025

O PERFUME DO VAZIO

 



O Perfume do Vazio

 

Não é jasmim, nem café fresco.

É um rastro invisível,

mas presente.

O cheiro da ausência que permeia.

 

Gruda nas cortinas,

no travesseiro ainda marcado.

No silêncio que antes era riso,

agora é apenas o ar pesado.

 

É um armário vazio,

com a fragrância fantasma

da camisa que não está lá.

Uma xícara esquecida na pia,

sem o vapor, sem a rotina.

 

Ele se mistura ao pó nos móveis,

à luz que bate na parede

onde a foto não foi pendurada.

É a nota que falta no acorde,

a palavra que não se disse,

mas que ainda vibra na língua.

 

Não dá para lavar,

nem ventilar para fora.

O cheiro da ausência que permeia

é a memória que respira,

um fantasma olfativo

que te envolve, suave e denso,

no espaço que um dia foi cheio.




Nenhum comentário:

Postar um comentário