terça-feira, 17 de junho de 2025

CIDADE ADORMECIDA

 

Cidade Adormecida

 

A cidade dorme lá fora, um manto escuro

sobre prédios e avenidas silenciosas.

Mas não eu.

Aqui dentro,

onde a esperança também tira um cochilo,

no lado esquerdo do peito,

ecoam suas palavras

ditas em um sussurro quase inaudível:

"A vida é muito curta."

 

E elas ainda me estremecem,

um arrepio frio

em madrugadas que se estendem demais,

lembrando-me do tempo que corre,

invisível, implacável.

Como um vento que passa

e leva consigo

o que não foi vivido,

o que não foi dito,

o que não foi amado.

 

E por que não foi vivido?

A pergunta paira

no ar pesado da madrugada,

como a poeira que se acumula

em sonhos guardados.

Medo, talvez.

Ou a distração das horas,

a rotina que cega.

O que nos prende

ao chão,

enquanto o céu espera

sempre aberto.

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