As sementes e o Tempo
As
sementes cochicham segredos ao chão,
palavras
que só as raízes entendem.
Dormem
sob a pele da terra,
sonham
com florestas impossíveis.
O
vento tenta convencê-las a desistir,
mas
elas gargalham sem boca,
respiram
silêncio e insistência,
pois
sabem que o impossível é apenas
uma
estação passageira.
Então,
numa manhã que não existe,
crescem.
E
o céu, surpreso,
se
curva para vê-las.
O
tempo não avisa,
apenas
chega.
Passa
os dedos pela pele,
desenha
marcas que ninguém pediu,
leva
embora nomes que um dia foram mundo.
O
tempo não espera,
mas
também não corre.
Observa,
paciente,
como
as folhas caem,
como
os rios mudam de caminho,
como
o silêncio se torna memória.
E
quando tudo parece imóvel, ele ri,
porque
sabe: até o eterno muda.
Hoje a palavra é tua,
é teu o gesto que decide.
Pela sala quase emudecida
só se ouve a tua voz.
Mas há olhos no canto da sala:
Olhos que gritam,
e silêncios que dizem
mais que a ordem contida.
VICENTE
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