O Encontro
É a névoa que
desce na cidade,
suave como um
véu de gás,
mas densa o
suficiente
para apagar os
faróis distantes,
e nos fechar num
casulo úmido.
É o toque da mão
amada,
suave no dorso,
um carinho,
mas a presença é
densa,
um peso bom no
ar,
que preenche
cada fresta do existir.
É a batida do
jazz no fone,
suave no grave
que rola,
mas a melancolia
é densa,
envolve o corpo,
vira nuvem
e chove lá
dentro.
É o tempo,
escorrendo como areia,
suave entre os
dedos, imperceptível,
mas a soma dos
dias é densa,
uma rocha
invisível,
que molda o que
fomos e o que seremos.
Em cada
interstício do mundo,
entre o toque
leve e a presença forte,
a respiração que
se expande
e o peso do
silêncio que comprime,
reside o
paradoxo:
ser leve e
pesado,
flutuar e fincar
raízes.
Sempre suave e
denso,
como a vida em
si mesma.
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