sábado, 7 de junho de 2025

O ENCONTRO

 



O Encontro

 

É a névoa que desce na cidade,

suave como um véu de gás,

mas densa o suficiente

para apagar os faróis distantes,

e nos fechar num casulo úmido.

 

É o toque da mão amada,

suave no dorso, um carinho,

mas a presença é densa,

um peso bom no ar,

que preenche cada fresta do existir.

 

É a batida do jazz no fone,

suave no grave que rola,

mas a melancolia é densa,

envolve o corpo, vira nuvem

e chove lá dentro.

 

É o tempo, escorrendo como areia,

suave entre os dedos, imperceptível,

mas a soma dos dias é densa,

uma rocha invisível,

que molda o que fomos e o que seremos.

 

Em cada interstício do mundo,

entre o toque leve e a presença forte,

a respiração que se expande

e o peso do silêncio que comprime,

reside o paradoxo:

ser leve e pesado,

flutuar e fincar raízes.

Sempre suave e denso,

como a vida em si mesma.

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