O
Gosto do Desfeito
O
sabor do que se desfez.
Não
é amargo, nem doce.
É
a memória nas papilas,
um
eco químico na língua da alma.
O
resíduo do abraço que se soltou,
do
riso que escorreu como areia fina.
Uma
impressão, um resto,
no
fundo da boca do tempo.
Não
um gosto que se nomeia fácil,
mas
a textura do vazio que sobrou.
Do
que foi denso, cheio, presente,
e
agora é apenas um rastro,
uma
diluição no paladar do que não é mais.
É
o café que esfriou,
o
cheiro da chuva que passou.
A
ausência tangível,
um
paladar da perda
que
não pede lágrimas,
apenas
o reconhecimento
de
que algo se foi.
E
o gosto, ah, o gosto,
permanece.
Um
sabor sutil e persistente,
do
que se desfez em nós.
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