O Sabor do Que Se Desfez
O sabor do que se desfez. Não um gosto
na boca, mas uma sensação que reside mais fundo, na memória das papilas da
alma. É o amargor da perda, sim, mas também a doçura fugidia do que um dia foi
completo. Um paladar complexo, que não se traduz em notas de café ou vinho, mas
em fragmentos de tempo e toque.
É o resíduo do abraço que se evaporou,
da risada que se calou, do plano que desmoronou. Um gosto residual, que se
adere ao palato do pensamento e insiste em permanecer. Não é o azedo da raiva,
nem a ardência da tristeza. É algo mais sutil, a essência do que não é mais,
mas que, de alguma forma, ainda está ali, presente na ausência, no silêncio que
se prova líquido. É o sabor da saudade que se diluiu, deixando apenas a
impressão de um gosto que não se nomeia, mas se sente profundamente.
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