segunda-feira, 9 de junho de 2025

O SABOR DO QUE SE DESFEZ

 


O Sabor do Que Se Desfez

 

O sabor do que se desfez. Não um gosto na boca, mas uma sensação que reside mais fundo, na memória das papilas da alma. É o amargor da perda, sim, mas também a doçura fugidia do que um dia foi completo. Um paladar complexo, que não se traduz em notas de café ou vinho, mas em fragmentos de tempo e toque.

 

É o resíduo do abraço que se evaporou, da risada que se calou, do plano que desmoronou. Um gosto residual, que se adere ao palato do pensamento e insiste em permanecer. Não é o azedo da raiva, nem a ardência da tristeza. É algo mais sutil, a essência do que não é mais, mas que, de alguma forma, ainda está ali, presente na ausência, no silêncio que se prova líquido. É o sabor da saudade que se diluiu, deixando apenas a impressão de um gosto que não se nomeia, mas se sente profundamente.

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