Silêncio
Líquido
É
um silêncio líquido,
que
não se ouve com os ouvidos,
mas
se sente escorrer.
Como
a água que não faz barulho ao cair,
mas
inunda, preenche, ocupa cada fresta.
Não
um silêncio de ausência de som,
mas
de presença diluída,
de
algo que se desfez em fluido.
É
o silêncio do que se dissolveu,
do
que se tornou transparente e denso ao mesmo tempo.
O
silêncio que umedece os contornos do que foi,
deixando
um rastro molhado na memória.
É
o suspiro que não se ouve,
a
lágrima que não cai,
a
palavra que se afoga antes de ser dita.
Um
silêncio que se bebe,
amargo
e pesado,
escorrendo
pela garganta da alma.
Um
peso aquoso que se instala no peito,
um
lago sem ondas, sem vida aparente,
mas
que reflete a imensidão do que se calou.
É
o silêncio do café esfriando,
da
promessa não cumprida,
da
espera que se transformou
em
vazio flutuante.
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