O GPS da Alma
Há um mapa dentro de mim,
que aponta direções
opostas.
Uma parte anseia por
flutuar,
leve como o dado na nuvem,
sem lastro, sem endereço
fixo,
apenas o vento das novas
redes,
o horizonte que se expande
além do último Wi-Fi.
Gosto da pele bronzeada de
sol de escalas,
o sotaque que me abraça
por um dia,
a vista do avião,
minúscula,
onde as cidades são meros
pixels
e a gravidade é só um
conceito.
Mas há outra voz,
subterrânea,
que me compele a lançar
raízes.
Buscar o cheiro da terra
úmida,
o contorno de uma montanha
familiar,
a mesa onde o café tem o
mesmo sabor
em todas as manhãs frias.
A segurança do concreto,
a solidez da chave na
porta,
o abraço que não tem hora
de partida.
Essa tensão é a minha
bússola quebrada:
entre o impulso de ver
tudo,
e o desejo de pertencer a
um canto.
Ser nuvem que viaja,
e ao mesmo tempo, árvore
antiga
cravada no chão,
testemunha das estações.
Talvez a vida seja isso:
o delicado balé entre o
desapego do ar
e a promessa da rocha.
Flutuar quando preciso ser
livre,
e lançar raízes quando o
coração
pede um lar para, enfim,
respirar.
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