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Saudade
Subterrânea
A
saudade, sorrateira.
Não
se anuncia em portões,
nem
bate à porta.
Ela
desliza, rente ao chão da alma,
como
a sombra de um pássaro que não existe.
Um
arrepio na nuca do tempo,
um
quase-suspiro que se perde.
Não
é dor que berra,
mas
um vazio mudo,
onde
antes pulsava um tanto.
Um
lugar de eco,
onde
a memória acende e apaga
lâmpadas
trêmulas.
É
o cheiro de um livro antigo
que
se abriu sem querer.
A
canção que o rádio distorceu,
mas
que a pele reconhece.
A
introspecção vira uma conversa de sussurros,
com
fantasmas gentis.
A
gente se pergunta:
o
que ficou de mim no que se foi?
E
o que se foi, afinal,
está
mesmo ido, ou apenas camuflado
na
poeira fina do que não se toca?
A
saudade, ela não volta.
Ela
sempre esteve,
e
é isso que assombra.
Um
pedaço de nós que se esconde,
esperando
o próximo instante de silêncio
para
se revelar.
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