O Descarte
Não é um raio,
nem trombetas em brasa.
É só a porta que range
e se fecha, suave.
"Apartai-vos de
mim", ecoa
no fone, um áudio antigo
que você ignora há tempos.
Um pop-up de uma conta
que você não lembra de
ter.
Não há fúria no olhar,
apenas o vazio de quem
desliga.
A conexão que se rompe,
não por falha, mas por
escolha.
Você do lado de fora,
com a chave enferrujada
de um reino que nunca foi
seu.
O chão não se abre,
o céu não cai.
Só o silêncio cresce
no espaço que você criou,
onde a sombra era mais
cômoda
que a luz que te chamava.
E agora, o
"apartai-vos"
é o seu próprio eco.
A semente que você
plantou,
colhendo o nada.
Apenas o vazio do
"foi-se".
A porta?
Fechada.
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