Água no Rosto
A água fria que escorre,
um leve choque, um portal
para o agora.
As mãos desenham círculos,
um mapeamento breve
do próprio rosto.
Os olhos se fecham,
e o mundo, por um
instante,
é só o som da torneira,
o espalhar leve da espuma
que some e leva.
A pele acorda, desperta.
Leva o sono que gruda nas
pálpebras,
a poeira invisível de
ontem,
a melancolia da noite
que ainda insistia em
habitar.
É um rito de passagem,
mínimo.
Um renascimento em
segundos,
o reflexo limpo no
espelho,
pronto para outra luz,
outra verdade,
a próxima respiração do
dia.
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