segunda-feira, 9 de junho de 2025

O VAZIO QUE FICA

 



O Vazio Que Fica

 

A presença da ausência é o que mata.

Não a lâmina, não o tiro,

mas o espaço que sobra

onde antes havia o corpo, a voz, o riso.

É a geometria distorcida de um ambiente

que se recusa a preencher

o contorno do que se foi.

 

É o ar pesado, denso,

nos lugares que você não ocupa.

O silêncio que se impõe

sobre a melodia que antes era sua.

É o quase toque na cadeira vazia,

a mão estendida que encontra apenas o nada.

A saudade ativa, pulsante,

que não é de lembrança, mas de falta concreta.

 

É o martelo do dia a dia

batendo na certeza do irrecuperável.

O travesseiro ainda marcado,

o café que esfria sem ser tocado.

Uma morte lenta e contínua,

diluída em cada objeto,

em cada canto da casa,

que grita o nome do que não está.

E a gente respira, come, dorme,

mas sabe que em alguma parte,

um pedaço essencial,

cessou de viver.

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