Grito
O eco do nada
na garganta seca.
um berro mudo
que rasga o ar
e não encontra ouvido.
o sol de junho,
mesmo em barra do piraí,
não aquece o vazio
deste grito sem rumo,
sem porto.
é a voz do deserto em mim,
areia fina que escorre
entre os dedos da memória.
não há lamento,
não há revolta
nem volta.
apenas o som puro
de uma existência
que se recusa a calar,
mesmo sem ter o que dizer.
é o ruído branco da alma,
um sussurro amplificado
pela ausência de sentido.
e ainda assim, grito.
grito sem causa,
grito sem propósito.
apenas para saber
que ainda posso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário