Batida da Profundidade
Sinto em mim o tempo que se espreguiça, sem a agitação nervosa da espuma, sem o frenesi da onda que quebra.
Um compasso demorado, o tic-tac ancestral das rochas, o lento mover das placas tectônicas, uma paciência geológica habitando a carne.
Não a pressa da superfície, o corre-corre dos dias, os prazos apertados, os encontros marcados. Isso é a epiderme do tempo.
Mas a batida funda da terra... essa ressoa em meus ossos, um eco surdo de eras passadas, a memória do magma incandescente.
É o ritmo da raiz que se aprofunda, ignorando a ventania na copa, buscando o núcleo estável, a fonte silenciosa da vida.
Sinto este compasso em meu sangue, uma lentidão poderosa, que me ancora no presente, desafiando a velocidade efêmera do agora.
É a sabedoria da montanha, a persistência do rio que esculpe o vale, uma força tranquila que reside na profundidade do ser.
E nesta batida funda, neste compasso demorado, encontro a verdadeira medida do tempo, a eternidade pulsando em meu interior.
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