Nas fronteiras do real e do sonho
Habito uma linha
fina —
dessas que nem o tempo toca direito.
Um lugar onde o real termina
e o sonho ainda não começou por completo.
É lá que eu
existo com mais verdade.
Entre o que se
pode provar
e o que só se sente.
Entre o nome das coisas
e o silêncio que as explica melhor.
Às vezes me pego
conversando
com imagens que ainda não aconteceram,
como se fossem lembranças
de um futuro antigo.
Me sento à beira
do que é concreto
e mergulho devagar
naquilo que escapa.
Tenho fé nesse
meio-termo.
Nesse quase.
Nesse lugar onde um gesto pequeno
vale mais que mil certezas.
Nas fronteiras do
real e do sonho,
eu me reinvento —
sem precisar entender tudo,
sem precisar acordar por completo.
Acordo só o
suficiente
pra continuar sonhando
com os olhos abertos.
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