Quando Escapa das Mãos
Acontece que tem
horas
que não dá mais pra controlar tudo.
o copo escorrega,
o pranto também.
as palavras não
obedecem,
os ponteiros não respeitam,
e o coração —
ah, o coração —
lateja no ritmo que quiser.
tudo que era
plano vira poeira,
agenda vira rabisco,
promessa vira vácuo.
a gente tenta
manter a pose,
sorriso de mercado,
resposta automática,
mas o corpo entrega:
o suspiro mais fundo,
o olhar que demora
na janela.
há um limite
secreto
entre o “tá tudo bem”
e o “não tô conseguindo”.
quando se cruza,
não tem senha,
não tem manha,
só o vazio
que se espalha.
ou a gente desaba,
ou começa, enfim,
a respirar de verdade.
.
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