Abismo Presente
O corpo se lança, abandono total da margem, onde as correntes do tempo já não exercem seu domínio.
A água fria acolhe, um abraço incondicional, e o passado se esvai como bolhas na superfície.
O futuro? Uma miragem distante, dissolvida na intensidade deste instante líquido.
O agora se expande, elástico, infinito, engolindo cada respiração, cada pulsar do sangue.
Não há ontem a lamentar, nem amanhã a temer. Apenas a textura da água na pele, o silêncio denso que ecoa internamente.
Os sentidos se aguçam, cores mais vibrantes sob a superfície, sons abafados de um mundo distante.
Neste mergulho sem amarras, a mente se aquieta, livre do diálogo incessante das lembranças e expectativas.
Existe apenas o ser, flutuando na vastidão do presente, um ponto de consciência pura, onde o tempo cessa e a eternidade se revela na efemeridade de cada segundo.
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