segunda-feira, 19 de maio de 2025

PRIMEIRO, TALVEZ, ÚNICO

 

PRIMEIRO, TALVEZ, ÚNICO

não foi só o corpo
que me abriste —
foi o instante inteiro
em que deixaste de temer o toque
fui aquele
que nomeou tuas sombras
com um sussurro
aquele que viu tua nudez
não como cena
mas como revelação
não te pedi segredos
mas os recebeste como quem entrega um mapa
de si
e agora,
com o tempo coagulando promessas
e os dias escorrendo por frestas que não previmos
eu te pergunto
não com urgência
mas com ternura:
ainda me reconheces
quando fecho os olhos?

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