Além do Barulho Interior
O mundo lá fora grita, com buzinas, vozes, e a pressa dos passos. Mas o maior barulho, muitas vezes, vem de dentro.
Uma orquestra caótica de pensamentos acelerados, preocupações que tamborilam, memórias que ecoam, planos que zunem.
É a feira livre da mente, o mercado barulhento do eu.
Então, busco o silêncio. Não o silêncio externo, embora ajude. Mas o silêncio tecido com a linha fina da pausa.
Fecho os olhos, respiro fundo, e convido a quietude a entrar.
No início, o barulho interior resiste, chuta, esperneia, tenta preencher o vazio.
Mas insisto. E a pouco e pouco, as vozes diminuem, os tambores se acalmam, o zunido se esvai.
Não é ausência, esse silêncio. É um espaço limpo. Uma tela em branco.
E nesse espaço, nesse vasto e calmo lugar, começo a ouvir.
Não as palavras de antes, mas algo mais sutil. Uma intuição suave. Uma verdade esquecida. Um murmúrio da alma.
Ouço a respiração do corpo, o leve bater do coração, o fluxo silencioso do sangue. Ouço a presença quieta que sou, além do ruído da identidade.
Meu silêncio não é vazio, é um portal. Uma porta aberta para ouvir o que o barulho interior sempre abafou.
É nele que encontro a melodia discreta da existência, a sabedoria que não grita, o convite constante para estar.
E ouvir. Simplesmente ouvir. Além.
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