quarta-feira, 21 de maio de 2025

AS COISAS QUE NÃO TERMINAM

 As coisas que não terminam

Tem gente que vai embora
como se fosse simples —
fechar a porta, virar o rosto,
levar a xícara preferida.

Mas esquece um rastro.
Esquece o nome no espelho
e um verso que ninguém escreveu.

Fica o passo na madeira.
O cheiro preso no armário.
O riso guardado num talher.

Fica até a briga mal resolvida,
pendurada na maçaneta
feito lenço que ninguém recolhe.

E eu?
Eu vou juntando os fragmentos,
fingindo que são cacos de um vaso antigo
e não do meu coração.

Fico ensaiando despedidas
pra quando não doer mais.
Mas meu peito vira enredo
toda vez que o silêncio respira teu nome.

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