Hoje não vou chover.
O céu, antes cinza e
taciturno,
acordou com um piscar de
sol.
As nuvens, que ontem eram
manto,
hoje desfilam em algodão e
anil.
Não há lamento em minha
promessa,
nem tristeza no ar que
respiro.
Apenas um silêncio que
confessa:
quero ser leve, quero ser
estio.
Asfalto seco, telhado sedento,
esperem mais um pouco.
Hoje, a melodia do vento
é o único orvalho que
provoco.
Guardo as gotas, as
lágrimas,
o pranto que a terra
espera.
Hoje, o poema são as
brisas,
a dança quieta da
primavera.
Não chovo. Permito que a
luz
desenhe sombras no chão.
Sou a calma que conduz
o dia para outra canção.
E amanhã? Ah, amanhã
o destino talvez me
convide.
Mas hoje, a alma soberana
decide que não, não chove.
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