Fluxo
Constante
O
tempo, um rio, disseste.
E
a imagem persiste, agora.
Não
a calmaria da represa,
mas
a força silenciosa da corrente.
Não
escolhemos a cor da água,
nem
a temperatura,
nem
os seixos que rolam no fundo.
Somos
apenas levados.
As
margens de ontem, seguranças tênues,
escorrem
pelos dedos da memória.
E
o horizonte se alarga,
nem
sempre convidativo,
muitas
vezes opaco,
mas
sempre novo.
Não
há mapa para este curso.
Apenas
a certeza do movimento,
para
um delta desconhecido,
onde
o rio, talvez,
se
encontre com um mar imenso.
E
nesse seguir,
nesta
jornada imposta,
aprendemos
a nadar em águas turvas,
a
respirar a umidade do incerto,
porque
a margem imóvel
é
apenas uma promessa vã.
O
rio nos sabe mais fortes em seu fluxo.
"O tempo, rio que não volta, nos leva para águas que jamais vimos."
Vicente Siqueira
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