O Deserto Que Permanece
Ainda
sinto o deserto no peito,
não como lembrança,
mas como território.
Não
passou.
Não virou paisagem antiga.
É chão que
continuo pisando,
mesmo parado.
O ar seco
entra lento,
queima por dentro
sem fazer fumaça.
Há um
arder que não cessa,
não implora cura,
não aceita consolo.
É
presença crua,
sem metáforas.
Como se
algo tivesse sido arrancado
sem substituição.
Como se o
corpo soubesse
que algo se perdeu
e não tentasse mais encontrar.
Apenas
arde.
E no
fundo,
sei que esse fogo silencioso
é o que me mantém em pé.
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