Sem plateia
Tem dias em que
vivo
como quem dança num quarto fechado,
sem plateia,
sem aplauso,
sem necessidade de performance.
É nesses dias
que mais sou eu.
Sem moldura,
sem ensaio,
sem a pressa de parecer.
Só o instante puro
de estar —
com minhas dúvidas,
meus passos tortos,
meus gestos leves que ninguém vê.
Porque há beleza
em sorrir sem ser notado,
em entender sem precisar falar,
em florescer
fora da estação esperada.
Viver sem plateia
é libertar o gesto da obrigação,
é fazer do cotidiano
um espetáculo secreto
de sobrevivência e amor.
E se ninguém vê,
tudo bem —
eu vejo.
E é pra mim que tenho aprendido
a apresentar o melhor de mim.
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