Agora já é Hoje
de manhã a gente acorda
da pseudo-noite-de-sono —
o travesseiro não descansou por nós.
da pseudo-noite-de-sono —
o travesseiro não descansou por nós.
dentes rangem, o tempo pisa,
o corpo sobe no carro
como quem entra num tanque vazio,
olhos mareados, horizonte seco.
o rádio fala de trânsito,
de um acidente na via marginal,
de alguém que não voltou.
ninguém volta mesmo.
dirigir é mirar no nada
e torcer pra não desmontar.
se mirar demais,
desaba.
o portão da empresa engole a gente.
o primeiro que chega,
com uma voz de velório embutido no crachá,
diz:
— Meus sentimentos.
a gente engole.
não os dele,
os nossos.
os nossos.
porque hoje,
como ontem,
ninguém sabe bem o que perdeu.
mas sente.
e segue.
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