terça-feira, 20 de maio de 2025

A CERTEZA SILENCIOSA DE NÃO PERTENCER

 

A Certeza Silenciosa de Não Pertencer

Era como estar no centro de uma sala
cheia de vozes
e não ser chamado por nenhuma.

Os copos tilintavam,
os risos vinham em ondas,
mas o som não me atravessava.

Olhos passavam por mim
como por vitrines vazias,
procurando algo que não sou.

Sentei no chão invisível da minha ausência,
enquanto o mundo seguia
com seus gestos coreografados,
suas verdades acordadas em grupo.

Ali,
entre o bater do coração
e o eco das conversas alheias,
surgiu uma calma incômoda,
fina como névoa:

a certeza silenciosa
de não pertencer.

Não como quem foi expulso,
mas como quem sempre esteve
no lugar errado do mapa.

Ainda assim, respirei.
Não como quem espera,
mas como quem aceita
ser intervalo.

E fiquei.

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