A Distância do Amanhã
O futuro reside além da colina, um contorno incerto na névoa da manhã. Não grita, não exige pressa, não estende a mão com cobranças.
É uma tela ainda em branco, onde pinceladas de desejo e receio tentam esboçar alguma forma. Mas a tela permanece distante.
Sua voz não ecoa no presente, seu peso não dobra meus ombros. É uma melodia ainda não tocada, uma dança que talvez nunca se realize.
Observo-o com curiosidade serena, sem a urgência de alcançá-lo, sem a obrigação de decifrá-lo.
É apenas uma possibilidade, um leque de caminhos incertos, uma promessa sussurrada ao vento, que pode se concretizar ou se dissipar.
Neste instante, sua influência é tênue, uma sombra alongada ao entardecer, que não obscurece a luz do agora, a intensidade do ser neste momento.
O futuro espera, paciente e mudo, alheio à minha respiração presente, à batida calma do meu coração. E nessa distância reside a liberdade.
A liberdade de construir o agora, sem o jugo das expectativas futuras, saboreando a plenitude do instante, onde o amanhã é apenas uma canção distante.
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