sábado, 17 de maio de 2025

RELÓGIOS PARTIDOS

 

"Relógios Partidos"

No fio tênue entre o ontem e o agora,
caminho sem bússola, sem mapa, sem demora.
Se o tempo é rio, por que não navegar?
Se é espiral, por que não recomeçar?

Cada instante que passa, morre e renasce,
somos poeira de lembranças que o futuro disfarce.
Um passo à frente — eco no passado,
um suspiro perdido — um amanhã moldado.

Se eu voltar ao berço da minha própria história,
mudarei o que sou... ou apenas a memória?
E se correr adiante, vencendo o porvir,
acharei novas dores ou esquecerei de existir?

O tempo é prisão ou é ponte vazia?
É lágrima antiga ou promessa tardia?
Viajar no tempo é viajar no ser —
é buscar no infinito o que nunca quis perder.

Relógios partidos não medem saudade,
apenas recordam que a vida é metade:
parte sonho, parte arrependimento,
parte silêncio, parte movimento.

Então sigo:
não como quem domina o tempo,
mas como quem o respeita,
como quem dança com ele —
sem nunca saber a música inteira.

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