"Relógios Partidos"
No fio
tênue entre o ontem e o agora,
caminho sem bússola, sem mapa, sem demora.
Se o tempo é rio, por que não navegar?
Se é espiral, por que não recomeçar?
Cada
instante que passa, morre e renasce,
somos poeira de lembranças que o futuro disfarce.
Um passo à frente — eco no passado,
um suspiro perdido — um amanhã moldado.
Se eu
voltar ao berço da minha própria história,
mudarei o que sou... ou apenas a memória?
E se correr adiante, vencendo o porvir,
acharei novas dores ou esquecerei de existir?
O tempo é
prisão ou é ponte vazia?
É lágrima antiga ou promessa tardia?
Viajar no tempo é viajar no ser —
é buscar no infinito o que nunca quis perder.
Relógios
partidos não medem saudade,
apenas recordam que a vida é metade:
parte sonho, parte arrependimento,
parte silêncio, parte movimento.
Então
sigo:
não como quem domina o tempo,
mas como quem o respeita,
como quem dança com ele —
sem nunca saber a música inteira.
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