Entrega
Não há ruptura sem
violência,
nem violência
sem a entrega.
é preciso rasgar a
seda
pra vestir a nudez da mudança.
nada se quebra de leve —
o som do fim
é sempre agudo demais
pra não ferir.
às vezes somos os
estilhaços,
às vezes, a mão que solta.
mas toda dor que arranca
também abre.
e entre a dor e o
depois,
há um instante em que tudo para —
um respiro
que já não pertence
nem ao que fomos,
nem ao que vem.
a entrega
não é rendição.
é o gesto quieto
de quem diz:
não aguento mais sustentar
o que me pesa além da alma.
e assim,
na violência do adeus,
começa
o espaço do novo.
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