"A Travessia dos Séculos"
Numa sala
sem portas, onde o tempo repousa,
um viajante ergue a mão — e o mundo se dobra.
Ali, o ontem e o amanhã são irmãos que se evitam,
duas serpentes que circulam a mesma chama.
Ele
marcha por trilhas que ainda não nasceram,
e colhe frutos em árvores já esquecidas.
Cada passo é um eco, cada escolha um abismo:
trocar um suspiro por uma eternidade perdida.
No
passado, o rosto da mãe que não envelhece.
No futuro, cidades de vidro que desmoronam ao vento.
Em qual margem repousa a verdadeira existência?
Em qual tempo mora o que somos, ou o que sonhamos ser?
O
viajante descobre:
o tempo não é linha, nem círculo, nem ponte —
é lágrima que escorre para todos os lados,
é espelho que reflete versões que não tocamos.
E ao
final da estrada —
não há triunfo, nem retorno, nem repouso.
Só um viajante que, ao mirar o infinito,
compreende:
não era o tempo que precisava vencer.
Era a si mesmo.
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