quinta-feira, 15 de maio de 2025

CADERNO DA MISERICÓRDIA II

 

Com reverência ao início e à essência, aqui está a Parte I do Caderno da Misericórdia II — um prelúdio em forma de súplica e abertura, como quem volta ao centro do coração ferido para ouvir de novo o nome de Deus sussurrado com esperança:


Caderno da Misericórdia II

Epígrafe
Kyrie Eleison — Senhor, tende piedade
Um cântico eterno que ecoa na alma,
entre as sombras da dor e a luz da esperança,
onde a misericórdia se revela como caminho e refúgio.


Sumário

Parte I – O Umbral da Graça
A abertura para o encontro com a misericórdia, um convite à entrada sem medo.

Parte II – Christe
Confiança renovada no meio da dor, a presença consoladora do Cristo.

Parte III – Nocturnus
A noite da alma, onde a fé brilha na escuridão.

Parte IV – Hino da Redenção
Louvor jubiloso pela graça que liberta e transforma.

Parte V – Clarão
A luz que ilumina os passos vacilantes.

Parte VI – Abraço Eterno
O abraço que acolhe sem medida.

Parte VII – Vozes Renascidas
A voz dos que foram alcançados e renascem.

Parte VIII – Santuário Interior
Lugar secreto onde a alma encontra descanso.

Parte IX – Fonte Imorredoura
A água interior que nunca seca, sustento da vida.

Parte X – O Reino da Misericórdia
O reinado onde a graça e o amor são soberanos.

Parte XI – O Cântico da Esperança
Louvor que sustenta mesmo nas sombras.

Parte XII – O Refúgio Silente
Abrigo de paz na tormenta da alma.

Parte XIII – Chama Viva
O fogo que aquece e transforma.

Parte XIV – Abraço de Fogo
Encontro ardente de amor e perdão.

Parte XV – Restauração
Reconstrução do ser pelo toque da graça.

Parte XVI – Horizonte de Esperança
A visão que guia além da dor presente.

Parte XVII – Caminho da Paz
Trilha serena entre tempestades interiores.

Parte XVIII – Fonte Viva
Renovação constante na presença divina.

Parte XIX – Refúgio da Alma
Santuário profundo onde o espírito encontra descanso.

Parte XX – O Reino da Misericórdia
Manifestação plena da graça e do amor soberano.

Parte XXI – O Cântico da Esperança
Louvor e confiança que nunca se apagam.

Epílogo – Kyrie Eleison
Clamor e entrega, a súplica que nunca se cala.


Caderno da Misericórdia II


Parte I – O UMBRAL DA GRAÇA

(antes de tudo, o clamor)

Antes do louvor,
antes do recomeço,
houve um suspiro.

Não ousava chamar-Te,
mas o coração já sussurrava:
“Miserere…”

Não com palavras justas,
mas com silêncios partidos.

Era peso demais para sustentar,
e ainda assim, Te busquei.
Ou antes:
fui buscado.

Tua misericórdia me antecedeu.
Enquanto tropeçava em mim,
Tu já preparavas alívio.

Antes que eu me lembrasse da oração,
Tu já eras resposta.
Antes que eu dobrasse os joelhos,
Teu olhar já me envolvia.

E no mais íntimo da culpa,
surgiu um fio de luz —
a promessa antiga
que nunca se foi:
“Eu sou contigo.”

Então voltei.
Ainda imperfeito,
ainda temendo.
Mas voltei.
E Te encontrei
como sempre estiveste:
esperando.    


Reflexão após Parte I – O Umbral da Graça

No limiar onde a misericórdia se revela, há um convite silencioso:
— a porta aberta que espera ser atravessada,
não com passos apressados, mas com o coração sereno.

Que este instante desperte no peito a coragem de deixar o peso da culpa para trás,
e permita que a graça penetre onde a alma mais clama por alívio.

Aqui, o convite é para simplesmente estar,
para sentir que não estamos sós,
e que a misericórdia é, antes de tudo, uma presença fiel e paciente.

Que o leitor se permita repousar neste umbral,
pois é do repouso que nasce a força para seguir.




II – Christe

(confiança no meio da dor)

Cristo,
há dores que não cessam com o tempo,
mas tu permaneces mesmo assim.
És presença que não se ausenta
quando as lágrimas voltam sem aviso.

Em meio ao cansaço que não se explica,
ao silêncio que pesa mais que o corpo,
a tua voz ainda sussurra:
“Estou contigo.”

E isso me basta —
não como fuga da dor,
mas como âncora na tempestade.

Cristo,
tu conheces o que não digo,
lês as orações que só os gemidos escrevem.
E ainda assim me sustentas,
não com promessas vazias,
mas com tua própria cruz.

Tu és o sim que sobrevive aos nãos,
o abrigo que não se retira,
a confiança que não exige provas.

Por isso te chamo:
Christe, eleison.
Cristo, tende piedade —
e fica comigo até que a dor floresça
em esperança.



Reflexão após Parte II – Christe

Mesmo na sombra mais densa, há uma luz que não se apaga.
É a presença de Cristo que segura as mãos trêmulas da alma,
que sussurra esperança em meio ao silêncio da dor.

Nesta confiança renovada, aprendemos que a força não vem da ausência do sofrimento,
mas da certeza de que não caminhamos sozinhos.

Que o coração possa descansar nessa verdade:
mesmo quando o caminho parece incerto,
a misericórdia está ao alcance de um suspiro,
um passo, uma prece.

Que a confiança floresça como uma chama viva,
a aquecer o frio dos dias difíceis.


III – Adoramus Te

(quando a dor se curva diante da glória)

Mesmo ferido,
ajoelho-me.

Mesmo cansado,
elevo as mãos.

Porque tu és Deus
antes da minha dor,
acima da minha dúvida,
dentro da minha ruína.

Adoramos-te, Cristo,
não por respostas imediatas,
mas porque tua luz não depende
daquilo que compreendemos.

És o Santo
que passa entre os escombros
e os transforma em altar.

És o Silêncio
que queima como incenso,
purificando o lamento.

Teu nome está acima
do tempo e do desespero.
Tua glória permanece,
mesmo quando nossos olhos escurecem.

E por isso,
a alma canta, mesmo sem voz:

Adoramus te, Christe.
Adoramos-te, Senhor,
pois és digno,
sempre digno,
eternamente digno.

Reflexão após Parte III – Nocturnus

Na noite mais escura da alma, a fé brilha como estrela silenciosa.
Mesmo quando as dúvidas e medos parecem dominar,
existe uma luz tênue que nos guia sem pressa, com paciência divina.

Aceitar a escuridão não é desistir, mas confiar que o amanhecer sempre vem.

Que o silêncio da noite seja um espaço sagrado,
onde a esperança se fortalece no invisível.


IV – Benedictus

(bendito seja o Senhor)

Bendito sejas, Senhor,
que despertas o sol no peito do aflito
e fazes dançar os ossos cansados
com o sopro do teu Espírito.

Bendito sejas
nos vales e nas alturas,
nas noites em que o pranto escorre
e nos dias em que a alma voa.

Tua bondade não se esgota,
teu amor não desiste,
teu nome é abrigo e vitória.

Te louvamos com palmas invisíveis,
com pés feridos que ainda marcham,
com olhos que te buscam
mesmo quando o mundo diz não.

Bendito sejas, Cristo,
porque tua cruz é ponte,
teu sangue é canto,
tua ressurreição é tambor
que faz o coração bater mais livre.

Aleluia na tempestade,
glória na caverna,
júbilo entre os ossos —
assim cantamos teu nome.

Benedictus!
Tu reinas, ó Misericórdia,
e tua alegria nos é força.


                                            Reflexão após Parte IV – Hino da Redenção

O louvor nasce da alma que reconhece sua fragilidade,
mas também sua capacidade de renascer.

Cada cântico é uma ponte que liga o passado ao presente,
transformando dores em motivos para celebração.

Que o coração cante não só com a voz, mas com a vida,
entregando-se à graça que liberta e transforma.

Que o louvor seja fonte de coragem e renovação.


V – Lucerna

(tua luz nas dobras do íntimo)

Senhor,

às vezes não falo — apenas fico.

Mas tu me visitas mesmo assim.

Em silêncio,

acendes tuas lâmpadas

nas salas mais escondidas

do coração.

Teu olhar atravessa o pó,

teu sussurro dissolve o medo,

tua luz não se impõe —

ela se insinua,

como quem conhece

as janelas secretas da alma.

Tu és a lucerna que não se apaga,

a vela no interior da noite,

a chama que sabe esperar.

E quando o ruído cessa,

quando até a oração se cala,

é tua presença que permanece,

viva, quieta, inteira.

Então respiro.

E em cada expirar,

sei que não estou só.

Tu és a luz em mim.

Lucerna.


Reflexão após Parte V – Clarão

Mesmo os passos vacilantes podem ser iluminados pela luz da graça.

Um clarão pode surgir no instante mais inesperado,
abrindo caminhos antes ocultos, mostrando horizontes novos.

Que o leitor se permita ser surpreendido pela luz que vem do alto,
e encontre nela força para seguir com fé renovada.

Que a luz guie cada decisão, cada gesto de amor.



VI – Aurora
(esperança que nasce mesmo quando nada muda)

Mesmo quando não vejo,
tu amanheces.

Teu nome é aurora
na noite que insiste,
sol que insiste em nascer
mesmo entre nuvens.

Há um tempo que só tu conheces,
uma hora em que as portas se abrem
mesmo sem barulho.

Senhor da esperança,
faz brotar em mim
a certeza dos pássaros —
que cantam antes de ver a luz.

Porque tua misericórdia
não se ausenta na escuridão;
ela apenas amadurece
para florescer no tempo exato.

Por isso espero.
Não por ter controle,
mas por saber de quem vem o dia.

Tu és a aurora.
E basta teu nome
para acender em mim
um novo começo.

Reflexão após Parte VI – Abraço Eterno

No abraço que não se finda, a alma encontra descanso.
É no colo da misericórdia que somos acolhidos sem julgamentos,
e o coração aprende a confiar, mesmo nas feridas abertas.

Que este abraço seja lembrança constante:
não há solidão onde a graça habita.

Que o leitor se entregue ao conforto do amor que permanece.



VII – Exsultate
(alegria que nasce da presença)

Salta, alma minha,
pois Ele vem!

Abre as janelas,
mesmo que por dentro ainda haja sombras,
pois quem se aproxima é o Senhor da luz.

Exulta, coração cansado —
há vida de novo!
Há vinho novo nas ânforas do tempo,
há dança no meio do caminho!

A misericórdia visitou tua casa
sem bater —
entrou e acendeu as lâmpadas.

Então canta,
mesmo que não saiba a melodia.
Corre,
mesmo que teus pés tremam.

Pois Ele veio.
E onde Ele está,
a alegria renasce sem explicação.

Exsultate!
Bendito o que vem em nome do Amor.
Tua presença, Senhor,
é a nossa festa.


Reflexão após Parte VII – Vozes Renascidas

Cada voz que se levanta na esperança é testemunho de vida nova.
O perdão não apaga a história, mas reescreve o destino com ternura.

Que as vozes do passado, do presente e do futuro se unam em cântico,
celebrando a misericórdia que nos transforma.

Que o leitor encontre coragem para erguer sua própria voz,
renascida na graça.



VIII – Reditus
(o caminho de volta)

Voltei, Senhor.

Não com certezas,
mas com saudade.
Não com méritos,
mas com feridas abertas.

E tu me viste de longe —
antes do discurso,
antes do arrependimento decorado,
antes do olhar levantar do chão.

Tu corres.
Tu me vestes.
Tu me chamas de filho
antes mesmo de eu pedir perdão.

Reditus.
Não é o fim que me trouxe de volta,
mas tua misericórdia
que nunca deixou de me atrair.

E agora, mesmo com cicatrizes,
me assento à mesa —
porque és Pai
e tua alegria é o meu regresso.

Fica comigo.
Ensina-me a permanecer.
Pois já entendi:
não preciso mais fugir
de um amor tão grande.

Reflexão após Parte VIII – Santuário Interior

Dentro do silêncio do coração, há um santuário sagrado.
Ali repousa a paz que o mundo não pode dar,
e a força para enfrentar cada novo dia.

Que este santuário seja porto seguro e refúgio,
onde o espírito possa repousar e se fortalecer.

Que o leitor aprenda a buscar esse lugar santo em si mesmo,
onde a misericórdia habita.



IX – Pax
(a quietude que vem do Eterno)

Nada fora está calmo.
Mas aqui dentro,
há um rio.

Silencioso,
mas constante.
Sereno,
mas firme como rocha.

É tua paz, Senhor,
que não precisa do mundo em ordem
para repousar no coração.

Tu entras sem alarde
e desfazes os nós.
Tu não debates —
acalmas.

Tua voz não grita —
guia.

E onde antes o peito tremia,
agora há uma brisa.
E onde antes tudo ardia,
agora há repouso.

Tua paz não é ausência de dor,
mas presença de alento.
Não é fuga,
é encontro.

Pax.
Permanece em mim,
ó Paz que me visita
quando o mundo não sabe me consolar.


 

Reflexão após Parte IX – Fonte Viva

Na fonte que nunca seca, jorra a misericórdia sem medida.
Bebamos dessa água que purifica o coração cansado,
renovando a esperança e fortalecendo a alma.

Que o leitor permita-se saciar a sede espiritual,
sabendo que a graça é abundante e renovadora.

Que a fonte viva seja o sustento em cada passo da caminhada.


 

X – In Deo
(só em Deus repousa o coração)

Só em ti, Senhor,
cala-se o tumulto do peito.
Só em ti,
as perguntas perdem a urgência
e se tornam prece.

Não há outro repouso.
Não há outra rocha.
As promessas dos homens
são vento.
Mas tu és firme
como eternidade.

Espero em ti
não porque entendi tudo,
mas porque cansei de não sentir.
E tua presença,
mesmo quando velada,
ainda aquece.

In Deo —
é onde o medo se dissolve,
a pressa se curva,
e o tempo desacelera.

Deixo-me ficar.
Não exijo mais provas.
Só tua misericórdia me basta
como cama, pão e abrigo.

Só em ti,
ó Deus,
eu sou inteiro.


Reflexão após Parte X – Caminho da Paz

No caminho que conduz à paz, cada passo é um ato de fé.
Mesmo entre pedras e espinhos, a serenidade pode florescer,
quando confiamos na presença amorosa que nos guia.

Que o leitor caminhe com coragem e mansidão,
sabendo que a paz verdadeira nasce do coração rendido.

Que o caminho da paz seja trilhado com esperança e confiança.

Caderno da Misericórdia II


Parte XI – O Refúgio

(quando a alma se abriga no Amor)

Não é fuga.
É abrigo.

Não é desistência —
é entrega.

Quando tudo lá fora se agita,
e até o dentro de mim se parte em mil vozes,
corro pra Ti
sem saber pedir,
mas certo de que me acolhes.

Teu silêncio não me nega,
me acolhe.

Teu olhar não me cobra,
me conhece.

Tu és o lugar onde meu cansaço se aquieta,
onde meu erro se dissolve,
e onde meu nome é dito sem condenação.

O Refúgio —
não em muros,
mas em misericórdia.

Deito-me em Ti,
como quem sabe que voltou
ao único lugar
que sempre o esperou.

Reflexão após Parte XI – Refúgio da Alma

Quando a tempestade ruge lá fora, há um refúgio interno que permanece.
Um lugar onde a alma encontra abrigo e sossego,
e onde a misericórdia atua como escudo e proteção.

Que o leitor encontre nesse refúgio a força para resistir,
e a calma para esperar o momento da renovação.

Que o refúgio da alma seja sempre acessível,
na graça que nunca falha.


Caderno da Misericórdia II
Parte XII – Horizonte de Esperança
(eis que tudo se renova)

Ainda não chegou,
mas já pulsa.
Ainda não vejo,
mas já creio.

Porque Tu prometeste, Senhor,
e Tua palavra não volta vazia.

Mesmo que o vale seja longo,
e as lágrimas escorram no escuro,
sei que há um horizonte
onde o sol se levanta de dentro.

Tua misericórdia não é só consolo,
é promessa.

Ela me levanta pela manhã
quando tudo em mim queria dormir.
Ela me diz: “coragem”
mesmo quando não há força.

A esperança que nasce de Ti
não depende de resultados —
ela é semente viva,
plantada no íntimo,
irrompendo do solo árido
com raízes no Céu.

E se espero em Ti,
é porque já começa
a primavera dentro de mim.

Reflexão após Parte XII – Luz Interior

Dentro de cada coração arde uma luz suave e persistente.
Mesmo em tempos de dúvida e escuridão, essa chama não se apaga,
pois é o brilho da misericórdia que nunca abandona.

Que o leitor possa reconhecer essa luz e deixá-la guiar seus passos,
trazendo clareza e esperança ao caminho.

Que a luz interior ilumine cada decisão e renove a fé.

Caderno da Misericórdia II
Parte XIII – Chama Viva
(arde em mim o fogo do Teu amor)

Nem brasa cansada,
nem faísca errante.
Mas chama viva.
Presente,
constante,
silenciosamente ardente.

Tua presença, Senhor,
não me grita — me inflama.
Não me impõe — me consome.

És o fogo que não queima para destruir,
mas queima para purificar,
clarear,
revelar.

Mesmo quando tudo esfria,
mesmo quando o mundo é vento e cinza,
Tu permaneces
chama fiel no centro do peito.

Que eu não apague,
que eu não fuja,
que eu não me esconda
da luz que vem de Ti.

Chama viva,
permanece acesa.
Mesmo pequena,
não deixa de iluminar.

E se escurecer demais,
faz de mim
lume no breu
por tua misericórdia.


Reflexão após Parte XIII – Chama Viva

No calor da chama viva, o espírito encontra renovação.
Ela queima as impurezas e aquece os corações frios,
transformando o medo em coragem e a dúvida em certeza.

Que o leitor se deixe envolver por essa chama,
sentindo a presença forte e amorosa que renova a vida.

Que a chama viva mantenha aceso o fogo da esperança e do amor.


Caderno da Misericórdia II
Parte XIV – Abraço de Fogo
(confiança que se reacende no calor da Tua presença)

Eu já temi o Teu silêncio,
e já temi o Teu chamado.
Mas agora descanso
no centro do Teu abraço.

Não é ilusão de segurança,
nem pretensa força —
é confiança ferida
que renasceu.

Foi no meio da noite,
quando não pedi mais nada,
que me envolveste com ternura
como quem diz:
“eu ainda estou aqui.”

Tua fidelidade não depende da minha.
Tua presença não oscila com meu humor.

E agora, mesmo entre cinzas,
há um calor em mim
que não me deixa cair.

É o Teu abraço —
de fogo,
de graça,
de misericórdia.

Confio,
não porque entendi,
mas porque fui tocado.
E uma vez tocado,
sei que posso seguir.


Reflexão após Parte XIV – Abraço de Fogo

O abraço que arde não consome, mas purifica.
É o toque da misericórdia que penetra profundamente,
incendiando a alma com graça e compaixão.

Que o leitor permita-se ser envolvido por esse abraço ardente,
que traz cura e restauração interior.

Que o abraço de fogo seja fonte de força e transformação


Caderno da Misericórdia II
Parte XV – Restauração
(onde Tu estás, nada está perdido)

Não me curaste com pressa,
nem me exigiste estar inteiro.
Apenas vieste,
ficaste,
e chamaste pelo meu nome
como quem sabia o que havia de voltar a viver.

Tu não ignoraste minhas ruínas,
nem minhas vergonhas escondidas.
Apenas tocaste o que doía,
com mãos mansas,
sem julgar,
sem recuar.

E ali onde eu pensava haver só cinza,
brotou um fio de canto.
Ali onde eu via fracasso,
Tu chamaste recomeço.

Tua presença me restaura
não com milagres vistosos,
mas com o simples fato
de não me deixares só.

Estás.
E onde Tu estás,
a esperança se recompõe.

Reflexão após Parte XV – Restauração

Na quietude da restauração, o coração encontra seu repouso.
As feridas começam a cicatrizar sob o toque suave da misericórdia,
e a alma se reergue mais forte e cheia de esperança.

Que o leitor acolha esse tempo de cura,
permitindo que a graça renove cada fibra do ser.

Que a restauração seja caminho para a plenitude e a paz


Caderno da Misericórdia II
Parte XVI – Caminho da Paz
(nem sempre reto, mas sempre Teu)

Não é estrada larga,
nem caminho sem poeira.
Mas é Teu.
E por isso, é paz.

Paz não como ausência de ruído,
mas como chão firme sob os pés cansados.
Paz como presença que me acompanha
mesmo no vale que não entendo.

Tu és o Caminho —
e enquanto Te sigo,
sei que cada passo é bênção,
mesmo quando a paisagem assusta.

Tua paz não me isenta da dor,
mas me atravessa com coragem.
Ela não se impõe,
ela habita.
Ela floresce em silêncio
no meio do tumulto.

E quando eu me perco de mim,
Teu olhar me reencontra.

Então sigo.
Nem rápido,
nem certo,
mas contigo.

E onde Tu estás,
há paz.


Reflexão após Parte XVI – Horizonte de Esperança

No horizonte onde a esperança se estende sem limites,
vemos o futuro iluminado pela promessa da misericórdia.
Mesmo diante dos desafios, a confiança floresce.

Que o leitor mantenha os olhos fixos nesse horizonte,
sabendo que cada passo o aproxima da realização do amor divino.

Que o horizonte de esperança seja farol para a jornada.


Caderno da Misericórdia II
Parte XVII – Presença Fiel
(quando não há força, há companhia)

Não pediste força de mim,
nem coragem heróica,
nem palavras certas.
Pediste apenas:
fica comigo.

E isso me salvou.

Porque no dia em que a luz se apagou,
não houve mapa.
Houve mãos.

Não houve resposta.
Mas Teu olhar permaneceu.

No exato lugar onde tudo parecia ruir,
Tu estavas.
Quieto.
Firme.
Comigo.

Tua presença não é ruído.
É raiz.

É o silêncio que sustenta,
a sombra que refresca,
o gesto que não exige.

Em cada passo incerto,
Tu Te manténs.
Não para me empurrar,
mas para me lembrar:
não estou só.

E mesmo quando tudo vacila,
Tu permaneces.
Companhia fiel,
rocha escondida,
alívio que não se vai.

Reflexão após Parte XVII – Companhia Divina

Na companhia divina, nunca estamos sozinhos.
Há uma presença que caminha ao nosso lado, silenciosa e constante,
oferecendo consolo, força e amor incondicional.

Que o leitor sinta essa companhia real e viva,
que sustenta mesmo nos momentos mais difíceis.

Que a companhia divina seja abrigo e luz na travessia da vida.


Caderno da Misericórdia II
Parte XVIII – Fonte Viva
(de onde brota a vida que não seca)

Quando tudo parecia estéril,
Tu brotaste.

Não de fora,
mas de dentro,
do lugar onde pensei que só havia deserto.

Tua água não vem com barulho,
vem com ternura.
Não é enchente,
é manancial.

Tu não impões renovação —
Tu a ofereces.

És fonte,
não obrigação.
És nascente,
não cobrança.

E eu,
tão cansado de minhas próprias tentativas,
bebo.

Sem merecer,
mas sedento.

Sem entender,
mas aceitando.

E na sede que não passava,
Tu me revelaste:
há uma água que não acaba.
Há uma alegria que não depende.
Há uma presença que jorra mesmo no escuro.

Tu és essa água.

Fonte viva.
Dentro de mim.
Para sempre.

Reflexão após Parte XVIII – Rio de Misericórdia

Como um rio que nunca seca, a misericórdia flui incessante.
Suas águas purificam, renovam e dão vida ao que parecia estagnado.

Que o leitor se deixe banhar por esse rio sagrado,
entregando-se à graça que lava a alma e renova o espírito.

Que o rio de misericórdia corra livre em seu coração,
levando embora todo medo e dor.


Caderno da Misericórdia II
Parte XIX – Refúgio da Alma
(o rio que acolhe sem perguntar)

Quando as vozes se multiplicaram,
quando o cansaço calou meus próprios pensamentos,
Tu eras silêncio que abraça.

Quando tentei explicar minhas quedas
e só encontrei julgamentos,
Tu não perguntaste nada —
apenas me acolheste.

Tua misericórdia não exige justificativa.
Ela conhece o que está oculto.
E mesmo assim — permanece.

És o rio onde descanso,
não para me esconder da vida,
mas para reencontrar sentido.

Em Ti, alma nenhuma é estrangeira.
Ninguém é tarde demais.
Nem eu.

Tu não me medes pelo que fiz,
mas pelo quanto ainda posso ser em Ti.
E por isso Te amo,
com a alma lavada,
com os ombros livres,
com a coragem restaurada.

Tu és meu refúgio.
Não por me tirar do mundo,
mas por me fazer voltar com esperança.

Reflexão após Parte XIX – Jardim da Serenidade

No silêncio do jardim, a serenidade floresce.
Cada flor é um testemunho da paz que nasce da confiança plena.

Que o leitor encontre nesse jardim um refúgio de calma,
onde possa repousar e reencontrar a harmonia interior.

Que o jardim da serenidade seja espaço sagrado de descanso e renovo.


Caderno da Misericórdia II
Parte XX – O Reino da Misericórdia
(onde a graça habita e reina)

Não é reino de ouro nem de coroas,
mas reino de mãos abertas,
de corações abertos,
de braços que acolhem.

É reino onde a justiça se veste de ternura,
e o julgamento cede lugar ao perdão.

É reino que não se vê com olhos humanos,
mas que se sente no peito que se deixa amar.

Ali, as feridas não definem.
Ali, o passado não aprisiona.
Ali, a alma é livre para ser inteira,
mesmo nas suas cicatrizes.

Esse reino não está distante,
nem guardado por portais invisíveis.
Ele está presente no agora,
quando aceito a misericórdia que me alcança,
e a estendo aos que cruzam meu caminho.

No Reino da Misericórdia,
não há exclusão — só convite.
Não há condenação — só redenção.

E neste reino,
Tu és Rei e Senhor —
reinado pela graça,
governado pelo amor.

Reflexão após Parte XX – Reino da Misericórdia

No reino onde a misericórdia é soberana, o amor reina absoluto.
Ali, não há medo, culpa ou condenação — apenas graça que abraça.

Que o leitor viva a experiência desse reino divino,
permitindo que a misericórdia transforme cada aspecto da vida.

Que o reino da misericórdia se estabeleça em seu coração,
governando com justiça e compaixão.

Caderno da Misericórdia II
Parte XXI – O Cântico da Esperança
(vozes que não se calam)

Nas sombras do medo,
nas noites sem estrelas,
ergue-se uma voz —
não muda, não se cala.

Canta não o que foi,
mas o que virá.
Não o fim da dor,
mas a força que nasce do sofrer.

Canta a luz que rompe,
mesmo quando o céu parece cerrado.
Canta o abraço invisível
que nunca nos abandona.

É um hino simples,
feito de suspiros e silêncios,
de pequenos gestos de amor,
de corações que se encontram.

Não é canto de vitória pronta,
mas de confiança nas mãos que guiam,
na presença que sustenta,
na promessa que se cumpre.

Esse cântico é meu escudo,
minha âncora,
minha certeza.

E enquanto eu cantar,
não estou só.

Reflexão após Parte XXI – Cântico da Esperança

O cântico que nasce da esperança ecoa além das dores e sombras.
É melodia que fortalece e inspira a continuar, mesmo nas dificuldades.

Que o leitor cante esse cântico diariamente,
alimentando a fé e a certeza do amor eterno.

Que o cântico da esperança seja luz que nunca se apaga,
guiando cada passo da jornada.

Epílogo – Kyrie Eleison
(Senhor, tende piedade)

No fio tênue entre a dúvida e a fé,
ergue-se um grito sem fim:
Kyrie Eleison.

Senhor, tende piedade,
não só por nossas falhas,
mas pela humanidade que pulsa,
pela história marcada de sombras e luz.

Tende piedade das noites vazias,
dos corações cansados,
dos caminhos que se perdem no deserto.

Tende piedade do silêncio que grita,
da esperança que se renova,
do amor que insiste em florir.

Esse clamor não é súplica vazia,
é entrega e confiança,
é reconhecer a própria fraqueza
para se lançar na misericórdia.

Kyrie Eleison —
um nome, um canto, uma vida.

Que ele ecoe sempre,
no silêncio e na palavra,
no desespero e na alegria,
até que a misericórdia se faça plenitude.


Reflexão do Epílogo – Kyrie Eleison

“Senhor, tende piedade.”
Palavras simples, antigas e eternas, que ressoam no silêncio do coração.

Neste cântico, encontramos o convite mais profundo:
reconhecer nossa fragilidade, abrir espaço para o perdão,
e acolher a misericórdia que transforma.

Que esta súplica se torne hábito e vida,
um caminho contínuo de encontro com a graça e a compaixão.

Que o Kyrie Eleison ecoe não apenas em nossas orações,
mas em cada gesto, em cada escolha de amar e perdoar.

Assim, encerra-se este caderno, mas começa uma jornada infinita,
na luz suave da misericórdia que nunca se esgota.

Que a paz e a misericórdia acompanhem cada passo.


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