Desenhando um sorriso
(e uma desculpa qualquer)
Desenhei
um sorriso —
leve, mas torto,
como quem aprendeu a moldar silêncios
com um lápis de cor gasto demais.
Inventei
uma desculpa qualquer,
vestida de vento,
que saiu da minha boca sem pedir licença:
“Foi só o tempo, entende?”
Mas quem
entende?
Se o que ficou não foi o motivo,
foi o gesto mal costurado
no meio da minha frase.
Desenhei
um sorriso —
meio tarde, meio cedo,
na esperança de que a curva nos meus lábios
enganasse o que minha alma ainda carrega.
E a
desculpa qualquer,
que nasceu sem raiz,
ficou plantada no chão da minha memória,
como flor que ninguém rega mais.
Mas eu
sorri.
Como quem treina o perdão no espelho
e tenta, todo dia,
fingir que não doeu tanto assim.
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