Aquela Linha Tênue
Aquela
linha tênue —
sutil, quase ausência —
separa o eu de mim,
como névoa entre dois espelhos
que já não se encaram.
Separar o
eu de mim
é tarefa de vigília,
de quem sobe à torre
todas as noites,
com olhos que nunca dormem
e um coração em sentinela.
Lá do
alto,
vigio as fronteiras do que sinto,
marcando com o olhar
onde termina a máscara
e começa a pele.
Há um
abismo discreto
entre o que digo e o que me cala.
E essa linha fina,
tensa como corda de harpa,
às vezes canta.
Às vezes corta.
é arte de quem já se perdeu
e aprendeu a permanecer.
Mesmo vigiando,
mesmo partido,
ainda inteiro
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