domingo, 4 de maio de 2025

A LINGUAGEM DOS INVISÍVEIS

 

A Linguagem dos Invisíveis

É preciso atravessar
a borda de si —
onde os espelhos não obedecem
e o silêncio tem forma.

Ali,
o mundo desaprende os nomes,
os mapas desmancham rios
e os céus caminham de costas.

Nesse limiar,
os que já foram
e os que ainda não são
sussurram uma língua sem vogais,
feita de vento e olhos fechados.

É a linguagem dos invisíveis:
palavras que não se dizem,
mas atravessam a pele
como sombra de um pássaro
em pleno eclipse.

Quem ousa escutar
precisa desaprender o tempo,
esvaziar-se até virar eco
de uma lembrança que nunca viveu.

Só então
a estrela no meio do dia
abre a porta do lado de dentro —
e o nome esquecido
volta a pulsar.

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