A Linguagem dos Invisíveis
É preciso atravessar
a borda de si —
onde os espelhos não obedecem
e o silêncio tem forma.
Ali,
o mundo desaprende os nomes,
os mapas desmancham rios
e os céus caminham de costas.
Nesse limiar,
os que já foram
e os que ainda não são
sussurram uma língua sem vogais,
feita de vento e olhos fechados.
É a linguagem dos invisíveis:
palavras que não se dizem,
mas atravessam a pele
como sombra de um pássaro
em pleno eclipse.
Quem ousa escutar
precisa desaprender o tempo,
esvaziar-se até virar eco
de uma lembrança que nunca viveu.
Só então
a estrela no meio do dia
abre a porta do lado de dentro —
e o nome esquecido
volta a pulsar.
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