Entre Um Gesto e Outro
Há
sentimentos que não se escrevem,
nem em papel nem em voz.
Eles andam descalços entre os instantes,
como brisas que não têm nome,
mas sabem tocar.
São
amores que não sabem se explicar,
mas esperam junto,
olham devagar,
guardam o outro sem pressa.
Eles
vivem no intervalo —
entre o levantar de uma xícara
e o cuidado ao recolher os cacos.
Entre o fechar de uma porta
e a lembrança que ficou do lado de dentro.
Não têm
rima nem gramática,
mas têm ritmo.
Não se declaram em versos,
mas se oferecem inteiros
numa ausência que cuida,
numa presença que não exige.
que não sabem soletrar-se,
mas sabem morar em nós
sem nunca se perder da casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário