quinta-feira, 8 de maio de 2025

FÉ EM REPOUSO

 

fé em repouso

não foi dramático.
não teve queda do céu,
nem rompimento com trovões.
a fé só sentou num canto
e disse:
“me dá um tempo.”

tava cansada de prometer milagres
com o corpo em ruínas.
de sorrir com a alma desalinhada.

ficou em repouso,
com os olhos entreabertos,
como quem ainda crê —
mas com febre.

ninguém ensinou que fé também adoece.
que ela precisa de colo,
de silêncio,
de cuidado.

não sumiu,
não quebrou.
só parou de correr
pra não morrer atropelada
pela pressa de crer.

fé em repouso
ainda é fé.
mais lenta,
mais baixa,
mas inteira.

esperando o momento certo
de voltar a andar.

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