Libertando Suas Vozes
houve um
tempo
em que as palavras dormiam em cavernas,
medrosas do mundo,
caladas em mim.
eu andava
com o peito cheio,
mas os olhos vazios.
um semáforo interno sempre no vermelho.
até que
um dia,
uma fresta se abriu —
pequena, tímida, mas infinita —
e dela saíram
minhas vozes esquecidas:
as que
cantavam sem medo,
as que choravam sem vergonha,
as que gritavam para não desabar,
as que apenas sussurravam "estou aqui".
libertar
as vozes
é aceitar que se é
muitas.
confusas,
contraditórias,
vivíssimas.
e que ser
inteiro
é ser incompleto sem medo.
por isso,
hoje,
não amarro mais as palavras:
eu as solto,
eu as entrego,
eu as deixo viver
como vento
sobre mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário