domingo, 4 de maio de 2025

NA BORDA DE MIM

 

Na borda de mim

Há uma estrela no meio do dia,
mas ninguém a vê —
passou por mim um anjo distraído
e esqueceu-se do meu nome.

Sou como um campo depois da colheita,
em silêncio e luz.
Tudo é tão vasto e pequeno,
como a lágrima no olho de um peixe.

No meio do caminho tinha uma pedra,
mas era também
um espelho
onde eu vi
aquele que vai ao meu lado sem eu o ver.

Ai, palavras —
que estranha potência a vossa!
Dizem o que não vivi
e calam o que arde.

Eu,
que não sou eu,
caminho por entre nomes
e permaneço
na borda de mim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário