terça-feira, 6 de maio de 2025

PERDOEI QUEM FUI

 

perdoei quem fui

olhei pra mim
aos sete anos,
com os joelhos ralados,
a testa quente,
e a culpa maior que o corpo.

ela achava
que tudo era por causa dela:
a briga,
o silêncio,
a ausência.

carregou culpas pequenas
como se fossem eternas.

e eu, adulto agora,
quase esquecido dela,
voltei.

não com respostas,
mas com colo.

segurei sua mão suada,
e disse:
“você não precisava ser perfeita.”

ela chorou.
eu também.

porque só agora entendi
que o perdão mais difícil
é aquele que a gente se nega
desde sempre.

e naquele abraço sem tempo,
perdoei quem fui.
deixei cair
o peso que nunca foi meu.

e pela primeira vez,
crescer
não doeu tanto.

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