urgência nenhuma
acordo com pressa
antes mesmo do despertador.
meu corpo já corre,
meu peito já pesa,
mesmo sem compromisso marcado.
é como se a vida exigisse velocidade
pra não perceber o vazio.
como se parar fosse
pecado moderno.
faço tudo rápido:
o café, o scroll, a resposta.
não dou tempo pras perguntas
que moram nos intervalos.
e essa urgência —
essa urgência nenhuma —
me empurra como se o mundo
fosse desabar se eu atrasar dois minutos.
mas desaba é por dentro.
a cada corrida sem motivo,
a cada meta que não faz sentido,
algo em mim se cala.
talvez eu esteja viciado
em não sentir.
porque sentir leva tempo,
e o tempo foi sequestrado
por uma pressa que não é minha.
no fim do dia,
tô exausto
de ter ido
a lugar nenhum.
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