segunda-feira, 5 de maio de 2025

A MAIS RARA E MAIS BELA DE TODAS

 

a mais rara e mais bela de todas

não era ouro,
nem glória,
nem o instante perfeito congelado em fotografia.

era outra coisa.
mais leve.
quase invisível.
feito respiração entre palavras.

talvez fosse o momento
em que duas mãos se tocam
sem saber direito por quê.

ou o silêncio
que não pesa —
só acolhe.

era o não dito
que ainda assim dizia.
a lágrima que caía
sem vergonha nenhuma.

era quando a dor se sentava
ao lado da esperança
e as duas assistiam
ao mesmo pôr do sol.

não brilhava,
mas acendia por dentro.
não doía,
mas também não fingia.

a mais rara e mais bela de todas
não se posta,
não se vende,
não se ensina.

só se vive.
por segundos.
por dentro.
e depois,
fica.

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