fé no vermelho
e se a fé oscilar no vermelho,
igual tanque de carro velho
na subida?
e se não tiver reserva
nem ombro nem luz de advertência,
só um silêncio miúdo
dizendo: “não sei mais”?
fé também falha.
às vezes escapa
pelos cantos da dúvida,
às vezes cansa
de carregar esperança sozinha.
e se eu não acreditar hoje?
se eu não enxergar saída
nem sentido
nem ciclo?
será que a fé aceita
ser deixada em repouso?
aceita ser ferida,
despida das frases prontas?
porque tem dias em que tudo
parece sem Deus,
sem beleza,
sem começo.
mas no escuro mais escuro,
quando nem meu nome me responde,
se acende uma faísca:
pequena, torta,
mas minha.
talvez fé seja isso —
não certeza,
mas teimosia.
uma coragem de seguir
mesmo com o tanque no fim.
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