A Porta
Entre os Mundos
Eis que
estou —
à porta que respira entre o tempo e o agora,
onde os relógios se calam
e os muros falam em línguas esquecidas.
Bato.
Mas não com punhos,
com o som do trovão parado no céu,
com o vento que passa pelas frestas
carregando o nome que só tu sabes.
Se
ouvires —
não será com os ouvidos da carne,
mas com a pele da alma,
com o fogo que mora atrás dos olhos.
A
maçaneta arde em ouro vivo,
há estrelas girando na fechadura,
e do outro lado,
meu manto é feito de manhãs eternas
e meus pés não tocam o chão.
Abre.
E tua casa se tornará templo,
teu chão será mar de vidro,
teu teto, véu rasgado.
Entrarei
como luz atravessa vidro,
sem romper, sem forçar —
mas transformando.
E
cearemos.
Na mesa onde os frutos não apodrecem,
onde o cálice não esvazia,
onde tua solidão será apenas
uma lembrança que esquecerá de si.
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