cheguei depois
ando tão rápido
que me perco de mim.
me deixo pra trás
em versões que não consegui alcançar.
chego nos lugares
antes do pensamento,
falo coisas que meu coração
ainda nem processou.
vivo numa corrida onde
a linha de chegada é sempre
uma versão futura
de quem eu deveria ser.
e mesmo quando paro,
não descanso —
fico ouvindo o eco
do que não fui.
me atraso pra mim
todos os dias.
chego depois da vontade,
depois da sensibilidade,
depois do sentido.
no fim, me abraço como quem pede desculpa
por não ter esperado.
mas eu também tô cansado
de correr atrás de mim mesmo.
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