Eco de Algo que Nunca Vivi
Eco de Algo que Nunca Vivi
Preciso me esvaziar —
como jarro deixado ao relento,
como rua depois da chuva
quando ninguém mais passa.
Me perder do tempo,
desatar os minutos do pulso,
deixar que o dia me esqueça
como se eu nunca tivesse sido.
Quero virar eco
de algo que nunca vivi,
mas que me sonda —
como se soubesse de mim
mais do que eu.
Talvez um gesto não dado,
uma memória que errou de corpo,
um silêncio que não era meu
e me escolheu.
Sinto-o à beira dos ossos,
entre uma respiração e outra,
quando o mundo cochila
e tudo parece voltar a antes.
Mas não há antes.
Só o agora vazio,
à espera de um nome
que ainda não sei pronunciar.
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