domingo, 4 de maio de 2025

ECO DE ALGO QUE NUNCA VIVI

 Eco de Algo que Nunca Vivi

Eco de Algo que Nunca Vivi

Preciso me esvaziar —
como jarro deixado ao relento,
como rua depois da chuva
quando ninguém mais passa.

Me perder do tempo,
desatar os minutos do pulso,
deixar que o dia me esqueça
como se eu nunca tivesse sido.

Quero virar eco
de algo que nunca vivi,
mas que me sonda —
como se soubesse de mim
mais do que eu.

Talvez um gesto não dado,
uma memória que errou de corpo,
um silêncio que não era meu
e me escolheu.

Sinto-o à beira dos ossos,
entre uma respiração e outra,
quando o mundo cochila
e tudo parece voltar a antes.

Mas não há antes.
Só o agora vazio,
à espera de um nome
que ainda não sei pronunciar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário